Há muito tempo o ritmo faz parte das curas e rituais religiosos. No passado, algumas marcações mais específicas vinham associadas a doutrinas, experiências sobrenaturais e alterações psicológicas. Os instrumentos de percussão servem para despertar a emoção e a conscientização interior. As práticas xamanistas usam o tambor para alterar o estado de consciência e levar ao transe espiritual. Os fieis se concentram no ritmo e acompanham a batida como se fizessem uma viagem mítica interior, buscando alcançar níveis de consciência que em geral são inacessíveis. No xamanismo, o tambor estabelece um tipo de ponte que leva o xamã a entrar em contato com um estado mágico de consciência.
Na prática do curandeirismo, o ritmo (seja o de tambores, chocalhos, sinos ou gongos) pode energizar ou estimular as energias primitivas do homem. Ativam o baço e os chakras básicos do corpo, usando principalmente os instrumentos de percussão. Esses centros estão ligados às funções do sistema circulatório, às glândulas supra-renais e às forças essenciais da vida, que são os centros da sexualidade - expressão física da dinâmica vitalidade espiritual.
O voduísmo (religião do Haiti) não procura disfarçar ou encobrir o uso de tambores no estímulo de determinadas energias. Seus rituais são usados para bloquear a mente racional, ativar a energia sexual e induzir ao transe. A batida incessante do tambor leva a uma ressonância forçada com a energia.
Os ritmos estimulam a energia física. A percussão pode ser um meio de aumentar o fluxo sanguíneo do corpo, acelerar ou diminuir o batimento cardíaco e afetar os órgãos ligados ao coração. portanto, seria impossível pensar num antigo xamã, curandeiro ou feiticeiro sem um tambor ou qualquer outro instrumento de percussão. dependendo do sincopado, marcações ou pausas rítmicas, conseguiam atingir certos estados psicológicos. Nas lendas xamanistas os tambores são usados para estabelecer sintonia entre a audiência e a freqüência energética da história.
O chocalho, como o tambor, faz parte da família de percussão e é um dos mais antigos instrumentos de curandeirismo.
Infelizmente seu poder curativo é quase sempre ignorado, sendo usado somente pelos interessados no xamanismo ou nas feitiçarias indígenas. Em relação à cura, ele tem uma versatilidade que outros instrumentos não têm. Além de, por seu tamanho ser ´fácil de transportar.
As marcações do chocalho têm a capacidade de ligar a consciência ativa à energia cósmica ou a níveis mais profundos de consciência. Os níveis externos de consciência servem para liberar energia e poder no processo de cura e purificação. o chocalho é um instrumento purificador.
Somos um sistema energético bioquímico/eletromagnético. Nossos pensamentos e emoções levam a várias freqüências de estímulos eletromagnéticos que interagem com os bioquímicos.
Pensamentos e emoções negativas estabelecem padrões rígidos de energia dentro dos campos da aura (assemelham-se a imagens congeladas na televisão com pouca difusão. Esses padrões são desvios de nossa verdadeira freqüência energética.
O corpo etérico é filtro do físico, e os chakras mediam todas as energias que fluem para dentro e para fora do organismo. É fundamental manter esses filtros limpos. Diariamente entramos em contato com uma quantidade enorme de resíduos energéticos que, sintonizados com nossa própria energia, alojam-se ali. O processo é o mesmo das torneiras que acumulam minerais e sedimentos em seus canos, impedindo a água de fluir livremente. o mesmo acontece com nossa aura, que pode ficar obstruída por excesso de refugos energéticos. O chocalho é um instrumento rítmico que libera qualquer resíduo alojado nos filtros e canais naturais do corpo. Ele desprende energia negativa, para que o sistema energético, físico e sutil sejam purificados.
A técnica é simples. Agita-se o chocalho em volta do corpo todo. Seu compasso servirá para desprender energia estocada e acumulada no corpo etéreo. Então passa-se a agitá-lo de cima para baixo, da cabeça aos pés, seguindo o meridiano central, tanto pela frente do corpo como pelas costas. esse processo libera os resíduos acumulados ao redor e dentro dos chakras. Alguns curandeiros fazem um tratamento extra agitando-o em cada chakra, pois são os lugares onde existe um grau mais intenso de atividade eletromagnética, com maior propensão a acumular resíduos energéticos.
O chocalho é usado de muitas formas, dependendo da tradição religiosa e da doença. Apesar de suas inúmeras variações, existem algumas regras universais comuns que devem ser seguidas.
O instrumento precisa circundar todo o corpo, para ajudar a desprender as energias negativas alojadas no corpo etérico.
Depois, agitando o chocalho, percorre-se o corpo de cima a baixo para desprender a energia alojada nos chakras. Assim o praticante - por intermédio de outros meios - consegue purificá-los.
Extraido de um texto do músico e autor Ted Andrews - livro Sons Sagrados - Mandarim